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A mais recente inovação em IA do Google oferece uma visão desoladora sobre o desenvolvimento de jogos

Image via Google / Deepmind

A Google anunciou recentemente o Genie 2, um modelo inovador de larga escala desenvolvido pela divisão de pesquisa em IA do Google, a DeepMind. Segundo a Google, este modelo é capaz de “gerar uma variedade infinita de ambientes 3D jogáveis e controláveis por ações.”

Mais um modelo de inteligência artificial prometido como revolucionário, e aqui está mais um apelo exasperado de um jornalista cansado da indústria de videogames.

O Genie 2 é apresentado como um avanço significativo em relação ao Genie 1, que introduziu a geração de mundos bidimensionais. Agora, a promessa é de mundos tridimensionais baseados em imagens simples como entrada. Porém, o que realmente temos aqui?

O que é o Genie 2?

À primeira vista, é tentador acreditar que a Google conseguiu criar um sistema que transforma comandos rudimentares em vastos universos virtuais. A própria empresa descreve o Genie 2 como capaz de criar mundos 3D ricos e diversos com habilidades emergentes, como interações com objetos, animações complexas, física e até a previsão de comportamentos de outros agentes no jogo.

Nos exemplos apresentados, uma única imagem gerada por Imagen 3, outro modelo avançado da Google, serve como ponto de partida. Isso permite que um usuário descreva um cenário em texto, selecione sua renderização favorita e, em seguida, explore ou interaja com o ambiente gerado. No entanto, a duração da consistência desses mundos é limitada a cerca de um minuto, com a maioria dos exemplos terminando entre 10 e 20 segundos.

O problema com as demonstrações

Os vídeos de demonstração do Genie 2 revelam um padrão preocupante: cenários genéricos e sem vida. Florestas e desertos mal povoados, pirâmides deformadas e árvores repetidas infinitamente. Interações emergentes se limitam a movimentos e animações básicas. Mesmo os melhores exemplos escolhidos pela Google carecem de profundidade e fragmentam-se sob análise mais atenta.

Embora a Google proclame que o modelo “gera conteúdo plausível em tempo real”, essa afirmação está longe de ser um ponto forte. Em essência, o que é apresentado parece mais uma memória turva de um jogo do que um ambiente coeso ou funcional.

O que falta no Genie 2?

O ato de criar jogos é, antes de tudo, um processo profundamente humano. Desenvolvedores não almejam simplesmente criar “conteúdo plausível”. Eles trabalham para inspirar, conectar e explorar aspectos da condição humana. Cada elemento, de mecânicas a narrativas e ambientes, carrega intenção e propósito. Isso não pode ser substituído por uma sequência de comandos ou imagens geradas por IA.

O Genie 2 demonstra a falta de compreensão da Google sobre o que realmente significa desenvolver jogos. O modelo é um instrumento bruto, incapaz de capturar as nuances, a precisão ou o significado que os criadores humanos trazem a seus projetos. Além disso, a limitação técnica de mundos consistentes por menos de um minuto ressalta a fragilidade do sistema.

Quem realmente se beneficia disso?

Jogadores que sonham em criar seus próprios jogos com ferramentas de IA podem se decepcionar ao perceber que os resultados carecem de estilo e substância, características intrinsecamente humanas. Por outro lado, desenvolvedores já utilizam tecnologias como geração procedural, bibliotecas de ativos robustas e motores como Unity, Unreal e Godot para trazer ideias complexas à vida.

Em um cenário marcado por demissões em massa, fechamento de estúdios e consolidações corporativas, o maior desafio enfrentado pelos desenvolvedores é a falta de recursos para transformar ideias criativas em realidades sustentáveis. Em vez de investir em ferramentas que criam “conteúdo plausível”, seria mais impactante investir nas pessoas que trazem inovação verdadeira ao setor.

Se a Google e outras gigantes da tecnologia realmente querem mudar a indústria, devem olhar além de soluções automatizadas e oferecer suporte direto aos criadores. Afinal, inovação de verdade vem de ideias abstratas e ambiciosas — algo que apenas os humanos podem oferecer.

 

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Bruno Chaves

Sou Designer e criador de conteúdo. Tenho paixão pela cultura Pop e papo geek. Escrevo sobre jogos, animes, filmes, tecnologia, tudo com o mesmo entusiasmo de um leitor ávido.

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