Indiana Jones e o Grande Círculo: A Arte da Improvisação em um Jogo de Ação
Qual é a melhor arma nas mãos de Indiana Jones: um rifle ou um banjo? Para este explorador icônico, a resposta está no inesperado e na criatividade que ele incorpora em cada aventura.
A franquia Indiana Jones é uma pedra angular da cultura pop, reconhecida por seu estilo único que mistura ação e uma forte sensação de aventura. Apesar de seu enorme impacto, os videogames modernos têm explorado pouco o personagem, mesmo com sucessos como Tomb Raider e Uncharted claramente inspirados no famoso arqueólogo.
A MachineGames pretende mudar isso com Indiana Jones e o Grande Círculo, um jogo que marca o retorno do personagem aos consoles e PCs. Conhecida por títulos como Wolfenstein: The New Order, a desenvolvedora assume agora o desafio de recriar a essência de Indy em uma história que acontece entre os eventos de Os Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada. A promessa é de uma experiência imersiva, focada tanto na exploração de tumbas quanto em combates contra nazistas.
Alessandro Fillari, um escritor/editor que cobre as indústrias de jogos, tecnologia e entretenimento há mais de 12 anos, participou de um evento onde experimentou as primeiras horas do jogo e conversou com Jens Andersson, diretor de design. Ele destacou que o foco principal do estúdio é permitir que os jogadores sintam a mesma improvisação e liberdade que caracterizam Indiana Jones. “Minha parte favorita foi ver o nível de liberdade que o jogo proporciona, permitindo abordagens criativas para cada desafio”, disse Fillari.

Nova Jornada, Velha Alma
A narrativa se passa no auge da carreira de Indiana, quando ele equilibra as funções de arqueólogo e professor universitário. Este contexto sustenta a jogabilidade, que mistura combates, furtividade e exploração, enquanto mantém a fidelidade ao estilo cinematográfico. Fillari observou que usar o chicote para desarmar inimigos ou criar brechas para ataques finais, às vezes utilizando rifles descarregados como armas improvisadas, foi especialmente satisfatório.
Jens Andersson explicou que o objetivo era capturar a essência do personagem.
“Tudo no jogo foi pensado para se alinhar à personalidade do Indiana. Quando você encontra armas, como um rifle ou até um banjo, as escolhas que os jogadores fazem refletem quem eles querem ser enquanto interpretam Indy.”
A trama começa com o roubo de um artefato do Colégio Marshall, evento que leva Jones, agora dublado por Troy Baker, a embarcar em uma jornada que o conduz a lugares como o Vaticano e a África do Norte. Ao longo do caminho, ele desvenda conspirações envolvendo o regime nazista.
Exploração e Liberdade no Coração do Jogo
Um dos aspectos que mais impressionaram Fillari no início do jogo foi sua estrutura não linear. Ele apontou que, embora a história principal esteja presente, os cenários são vastos e permitem diversas abordagens. Para ele, o jogo se destaca por não seguir a estrutura tradicional de narrativas lineares, oferecendo oportunidades ricas de exploração e interação com o ambiente.
A MachineGames buscou inspiração nos clássicos da LucasArts, como The Fate of Atlantis, para trazer essa sensação de liberdade.
Andersson explicou:
“Queríamos trazer o espírito das aventuras clássicas para uma nova geração. Embora nosso jogo seja diferente, estamos confiantes de que ele captura a essência que fez de Indiana Jones um ícone.”
Os jogadores podem investigar pistas, explorar passagens secretas e utilizar o que encontrarem no ambiente para se defender ou derrotar inimigos. Fillari comparou essa abordagem ao estilo dos jogos de Deus Ex, embora o foco aqui seja menos na simulação e mais na improvisação criativa.

Herdeiro de Um Legado
Os desenvolvedores da MachineGames já têm experiência em criar narrativas imersivas. Além de Wolfenstein, a equipe inclui veteranos de jogos como The Chronicles of Riddick: Escape from Butcher Bay, e essas influências estão presentes em O Grande Círculo. Andersson destacou que o trabalho em equipe ao longo dos anos tem sido fundamental para criar experiências coesas e bem integradas.
Um exemplo notável do design do jogo, segundo Fillari, está na fase inicial, ambientada nas pirâmides de Gizé. O objetivo principal é entrar em uma tumba fortemente protegida, mas o jogador se depara com vários elementos ao redor, como acampamentos nazistas e vilarejos civis. As possibilidades variam desde disfarces furtivos até confrontos diretos. Ele descreveu essa seção como semelhante ao estilo de furtividade social visto em Assassin’s Creed.
Embora o design aberto possa ser arriscado—há sempre a chance de os jogadores ignorarem certos conteúdos—Andersson acredita que valeu a pena.
“Gastamos muito tempo criando essas áreas abertas, mas adicionamos a possibilidade de revisitar capítulos anteriores para que os jogadores possam descobrir o que perderam.”
Com um escopo ambicioso e atenção ao detalhe, Indiana Jones e o Grande Círculo promete trazer o verdadeiro espírito do personagem aos videogames. Fillari ressaltou que o jogo oferece um senso de aventura que faz jus à reputação de Indy. Andersson concluiu:
“Nosso maior objetivo era fazer os jogadores se sentirem como Indiana Jones, e acredito que alcançamos isso. Não há nada mais satisfatório do que ver os testes confirmarem que o risco valeu a pena.”
Traduzido e adaptado por Bruno Chaves.
Matéria original: GameDeveloper
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